Novidades internacionais: Editora Rede Unida lança três novas publicações na cooperação italiana

22/01/2020 | Notícias | 0 Comentários

Foram lançados na sexta-feira, dia 20 de dezembro de 2019, três chamadas de publicações da Editora Rede Unida no âmbito da cooperação técnico-acadêmica do Laboratório Italo-brasileiro de Formação, Pesquisa e Práticas em Saúde Coletiva. O lançamento ocorreu no encerramento da programação da Escola de Inverno Italo-Brasileira sobre a evolução do sistema de cuidados às pessoas e coletividades “Le cure intermedie come potenziamento del welfare territoriale” (Cuidados intermediários como potência da atenção socio-sanitária territorial, em tradução livre), na localidade de Salsomaggiore, na Região da Emília Romana, Itália. Estiveram presentes trabalhadores do sistema social e sanitário regional da Emília Romana , dirigentes do governo regional, dirigentes das Universidades de Parma e Bolonha, da Organização AIFO , da Rede Unida e docentes de universidades brasileiras que participaram do evento.

As publicações abrangem diversos temas e iniciativas da cooperação técnico-acadêmica entre instituições italianas e brasileiras e marcam um estágio avançado de amadurecimento do trabalho em rede científica do Laboratório. Para o Prof. Túlio Batista Franco, da Universidade Federal Fluminense e Coordenador Nacional da Rede Unida, “as publicações marcam um novo estágio da cooperação, que envolve serviços sociais e sanitários e o ensino e a pesquisa, e compartilham produções colaborativas na qualificação dos serviços e sistemas de bem estar social e de saúde dos dois países e no desenvolvimento do ensino e da pesquisa”. Para Franco, “inicialmente o Laboratório fazia aproximações com temas de interesse recíproco, principalmente com base na experiência desenvolvida pelos pesquisadores e instituições dos sistemas socio-sanitário e de ciência e tecnologia em saúde nos dois países” e, posteriormente, foram sendo desencadeados projetos conjuntos como “incubadores” de iniciativas colaborativas. Atualmente, já é possível compartilhar resultados da cooperação, em termos de conhecimentos e tecnologias desenvolvidas em conjunto, com a diversidade de cada território. Cumpre-se, assim, segundo Túlio Franco, a finalidade mais elevada da cooperação, que é o desenvolvimento de tecnologias e de conhecimentos que podem funcionar também em outros contextos.

Entre os editais lançados, uma coletânea de artigos com o tema “Cuidados Intermediários: experiências compartilhadas entre a Itália e o Brasil”, produzidos no projeto “Cuidados Intermediários: desenvolvimento e transferência de instrumentos de gestão do cuidado entre Itália e Brasil (RERSUS)”, que foi financiado pela Região Emilia-Romagna e desenvolvido pela Associação Italiana Amigos de Raul Forlereau (AIFO), em parcerias com Alma Mater Studiorum Universidade de Bologna, Universidade de Parma, Universidade Federal Fluminense, Azienda USL di Modena, Azienda USL di Parma, Azienda USL della Romagna, Município de Castelfranco Emilia, Associação Brasil Saúde e Ação (BRASA). O Projeto Estratégico RERSUS, que teve execução no período de dezembro de 2018 a novembro de 2019, desenvolveu novas tecnologias e metodologias de intercâmbio e cooperação internacional, criou campo para o desenvolvimento do modelo de cuidados intermediários no Brasil e na Itália e, como as demais áreas da cooperação, também sistematizou conhecimentos oportunos e úteis. De acordo com Mirian Ribeiro, coordenadora geral do projeto, “o RERSUS foi importante instrumento da cooperação entre a Região da Emília Romana (RER) e o Brasil. Além de criar oportunidades no Brasil, permitiu o desenvolvimento de novas soluções para os serviços da própria região italiana, facilitando, portanto, a transferência de conhecimentos especializados, a identificação das necessidades e de soluções conexas a ambos os países”. Segundo Mirian, a publicação das análises no formato de livro “deverá reunir não apenas uma revisão conceitual importante do tema, mas também os instrumentos e resultados deste intercâmbio que apresenta em suas bases a significativa e potente interconexão de rede – universidades, serviços, gestão, estudantes, trabalhadores, e de organização não-governamentais – de ambos os países”.

Uma segunda publicação será um suplemento temático da Revista Saúde em Redes sobre o tema do cuidado em saúde à pessoa idosa, em colaboração com a Rede Internacional de Pesquisas em Gerontologia e Sistemas de Cuidado no Envelhecimento (RedeGeronto ). A temática do suplemento expande o debate promovido no seminário “Envelhecimento da população: experiências em diálogo”, realizado em fevereiro de 2019, em Bolonha/Itália, por meio de uma parceria entre a Associação Brasileira da Rede Unida, o governo da Região da Emilia-Romana, as Universidades de Bolonha e Parma, a 2 em 1 Comunicação e Educação, entre outras entidades. Em fevereiro próximo, será realizada mais uma edição do Seminário, também em Bolonha. Para a publicação, serão aceitos artigos originais, narrativas, ensaios teóricos e empíricos, pesquisas, relatos reflexivos e analíticos de experiências no âmbito das políticas públicas, da educação e do trabalho em saúde e dos movimentos sociais, apresentação de tecnologias e metodologias formativas, articulações interinstitucionais e intersetoriais, interação ensino-pesquisa-extensão com graduação e residências em saúde, implantação de Universidades para a Terceira Idade, práticas colaborativas no trabalho, avaliação de capacidades interprofissionais, entre outros estilos de disseminação de conhecimento.

Para a coordenadora da RedeGeronto, Profa. Suzana Funghetto, “o objetivo principal da publicação é coletar experiências internacionais com diversidade de condições e iniciativas para o cuidado com o envelhecimento, uma vez que ele se expressa de diferentes formas nas diferentes realidades e é fundamental que as políticas públicas e as iniciativas de formação profissional tenham capacidade de reconhecer e afirmar o direito das pessoas e das coletividades em relação ao envelhecimento ativo e cuidados integrais com as pessoas idosas”. A cooperação técnico-acadêmica entre instituições de ensino e pesquisa e serviços no Brasil, na Itália e em outros países tem permitido avanços em termos de compreensão do fenômeno do envelhecimento humano, “mas também na produção de conhecimentos e novas tecnologias e na formação de profissionais com capacidades laborais ampliadas em relação a essa etapa da vida e condição nas sociedades, uma vez que o envelhecimento se verifica”, segundo Suzana Funghetto.

Também foi lançada a chamada por análises e reflexões sobre a experiência da Agência Sanitária e Social Regional, do Serviço Sanitário Regional da Emilia-Romagna denominada “Community Lab: metodologias para inovar a administração pública por meio de processos participativos” . Essa iniciativa, desenvolvida desde 2012, vem identificando e sistematizando experiências de desenvolvimento do sistema socio-sanitário de serviços e organizações em temas sensíveis, como o cuidado intercultural com migrantes, a assistência territorial em saúde mental, o cuidado às mães e crianças em condições de vulnerabilidade, entre outros. Uma vez sistematizadas as experiências, as tecnologias e metodologias produzidas localmente são disponibilizadas como cooperação horizontal (entre serviços socio-sanitários locais) e cooperação técnica (entre os serviços e outras instituições italianas e internacionais).

Para o Community Lab, o ‘fazer cotidiano’ é o principal objeto de conhecimento, com hipóteses a explorar. Juntamente com aqueles que lidam com o “fazer”, são desenvolvidos processos de reflexão, são fornecidas ferramentas de leitura do cotidiano, são exploradas hipóteses e, num certo sentido é feita a “pesquisa” e são fornecidas sugestões de gestão adaptadas aos processos de mudança em curso. Assim, a partir das questões do cotidiano do trabalho, são desenvolvidas capacidades para a produção de autorias, protagonismos ativos a nível local do processo a inovar através da participação em oportunidades de formação em grupo, análise comparativa, reuniões locais de apoio ao planeamento operacional e concreto, momentos dedicados ao acompanhamento e manutenção dos processos iniciados.

O Community Lab age no contexto da complexidade do trabalho, mantendo a complexidade do fazer. O método não leva ao raciocínio linear sobre causas e soluções: ao fazer decomposições os problemas são amplificados, eles não são resolvidos. O Community Lab permite agir em complexidade, construindo com aqueles que participam a compreensão de que a solução da complexidade não significa simplificação, divisão particular, cisão. Compreender a complexidade das questões do trabalho e reconhecê-la significa equipar-se, aprender novas formas de ação. Agir inovando, passando de processos coletivos para lidar com a complexidade que temos diante de nós, superando a formatação simplificada (organizacional, institucional…), significa “confiar” em um caminho onde aprender um método para trabalhar dentro de limites organizacionais menos definidos, sabendo usar formas fluidas de liderança, redes, mesmo informais, baseadas em desempenho e produtos não mensuráveis em termos de eficiência econômica, mas eficácia prática, com possível impacto, entre outras coisas, sobre as capacidades da organização à qual pertencem. Os processos institucionais implementados ou em curso no Community Lab são o planeamento local para o bem-estar social e de saúde, promoção da saúde, conflitos familiares, planeamento hospitalar comunitário, integração da população migrante, entre outros.

Para a Dra. Maria Augusta Nicoli, Responsável pelo Programa “Innovazione Sociale” da Agenzia Sanitaria e Sociale Regionale dell’Emilia-Romagna, “no âmbito da cooperação entre instituições acadêmicas e serviços no Brasil, em particular a Rede Unida, com a Região Emilia-Romagna, surgiram três objetos de interesse comum que levaram a compartilhar reflexões e elaborações úteis para as inovações e desafios que hoje caracterizam a atenção territorial”. Nicoli também reforça a ideia de um novo patamar de amadurecimento da cooperação técnico-acadêmica entre as instituições dos dois países, com troca de conhecimentos sobre os diferentes contextos, no momento inicial, para a produção conjunta de tecnologias e novos conhecimentos, no estágio atual. Segundo Maria Augusta, “as publicações são um sinal tangível do que está sendo produzido através do diálogo que foi estabelecido e que tem incentivado o intercâmbio sobre os respectivos processos de trabalho para enriquecer a análise dos problemas e para co-construir novas perspectivas”.

A cooperação Itália e Brasil por meio do Laboratório Italo-brasileiro de Formação, Pesquisa e Práticas em Saúde Coletiva tem desenvolvido projetos de ensino e pesquisa conjuntos, a formação de profissionais, a mobilidade docente e discente, a troca de experiências em sistemas e serviços de saúde e a realização de eventos nos dois países. A próxima edição do Seminário Internacional do Laboratório será realizada no período de 17 a 22 de fevereiro de 2020, em Bolonha/Itália, e de 22 a 25 de julho de 2020, em Niterói/Brasil, junto ao 14º Congresso Internacional da Rede Unida. Informações na página da Rede Unida.

As publicações lançadas na sexta-feira fazem parte da Série Saúde Coletiva e Cooperação Internacional da Editora Rede Unida. Para o Editor Chefe da Rede Unida e professor da UFRGS, Alcindo Antônio Ferla a “experiência da cooperação Itália Brasil, assim como de outras iniciativas de trabalho cooperativo nacional e internacional, tem gerado uma grande renovação no conhecimento disponível e nas tecnologias de trabalho no interior de sistemas e serviços de saúde, quer pela diversificação de cenários a partir dos quais são produzidas as diferentes experiências, quer pelas diversas perspectivas pragmáticas que os atores compartilham no trabalho da cooperação”. Sendo assim, segundo Ferla, a publicação dos resultados teóricos e empíricos dessas cooperações contribui para a qualificação do trabalho em diferentes contextos e, também, para o desenvolvimento epistemológico e metodológico do campo da saúde e do ensino das profissões da saúde, “não predominantemente por experimentos controlados no interior das instituições acadêmicas, mas pelo exercício de alteridade com condições complexas e contextos diferentes, gerando novos platôs para o pensamento científico e novas possibilidades para a investigação e a pesquisa”. De acordo com o Editor Chefe, a Editora Rede Unida tem mantido, ao longo da sua existência, um compromisso forte com a renovação do conhecimento e com o lançamento de novos autores e novos olhares sobre as problemáticas da educação e do trabalho na saúde.

Mais informações sobre os lançamentos e os editais podem ser obtidas no ambiente das chamadas de manuscritos da Editora Rede Unida.

PorEditora Rede Unida

Com o objetivo de fortalecer a publicação de livros e artigos que contemplem os temas explorados pela Associação Brasileira da Rede Unida, a Editora Rede Unida apoia o ensino, a pesquisa e a extensão em Saúde Coletiva no Brasil e estimula publicações físicas e eletrônicas nessa área, além da Revista Saúde em Redes.

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