Um grupo de pessoas se encontra em plataforma virtual para falar de medos, angústias e violências em tempos de pandemia. Alunos e ex-alunos da UFRGS, falando de diferentes lugares, a maioria não se conhecia. Começam dizendo do porquê de terem vindo. Pedaços de vida, dores, violências, solidão e morte, o mundo esfrangalhado lá fora. Alguns vão embora, 13 ficam.
No meio do medo, da angústia e da violência começam a brotar narrativas, o desejo de contar histórias, divisado por poetas, viajantes, profetas e loucos, do qual nos fala Walter Benjamin. Desejo que permanece, quer seja em volta da fogueira, no barraco destelhado, embaixo do viaduto, em frente à tela do computador. O desejo de se contar vigora mesmo no espaço virtual e os fluxos de energia pensante driblam o muro e se lançam no espaço, quebrando as cadeias de ódio emitidas pelas redes de robôs, pelas máquinas da Matrix.
Durante três meses, membros e membras deste grupo se reuniram e debulharam os conceitos, queriam saber mais. Depois, amarraram os conceitos nas narrativas pessoais e veio a vontade de fazer, de criar algo, de resistir. Então começou a tarefa grupal, aquela que Pichon-Rivière e Paulo Freire descobriram que acontece nos grupos humanos, quando se irmanam para fazer juntos. Em comunhão.
A tarefa pode ser muito simples. Escrever um texto, contar uma história, dar de comer aos que têm fome, ensinar a ler o mundo, enterrar os mortos, semear o grão, amassar o pão de cada dia. Os 13 decidiram escrever um antimanual, como se fosse uma mensagem colocada em uma garrafa e jogada ao mar. Levando apenas a esperança de ser encontrada.
Apresento, então esta prosaica criação que inventamos, nós – os treze: Um antimanual para enfrentar a Covid 19 – falando de medos, angústias e violências. Nele estão mescladas histórias, dores, medos e angústias, um pouco de arte, um pouco de alegria e uma grande vontade de seguir a luta.
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