O livro “Literatura e Saúde Pública” reúne autoras/es de todo o Brasil em uma coletânea de rara beleza e que dialogam com os cenários e temáticas da saúde. O livro é uma parceria entre a Editora Rede Unida e o Laboratório de Políticas Públicas, Ações Coletivas e Saúde (LAPPACS/UFRGS). O livro conta com um prefácio de João Guilherme Dayrell, um dos idealizadores do projeto, que discute com maestria a densa relação entre a saúde e as políticas públicas. A imagem de capa e as ilustrações principais foram criadas por trabalhadoras/es e usuárias/os do CAPS AD III Amanhecer da cidade de Canoas/RS.São dois volumes compostos por contos, crônicas, poemas e relatos que discutem a complexidade do ato de cuidar e tensionando, por meio da escrita criativa, a relação entre ficção e realidade.
Estas narrativas compõem um mosaico de produções heterogêneas, relacionando variados períodos históricos, variadas políticas públicas, categorias sociais diversas, tecnologias e suas incidências sobre os corpos, aprisionando ou expandindo limites. Foram abordadas diferentes enfermidades, peregrinações nos sistemas de saúde e pelos territórios diversos e singulares e as burocracias que desafiam a vida. Foram evocados corpos doentes ou adoecidos, vulneráveis ou vulnerabilizados, enfrentando kafkianas burocracias do Estado e também criando alternativas de fuga e de modos de vida, desbravando a selvageria do capitalismo, desvelando nuances do sistema sensíveis às fragilidades do corpo e da alma.
Este primeiro Volume, intitulado “Literatura e Saúde Pública: A narrativa entre a intimidade, o cuidado e a política”, se divide em quatro seções. Na primeira, “Encontros, saberes e culturas”, os contos se aproximam pelo encontro entre realidades culturalmente diversas que emergem nas intervenções clínicas. A segunda sessão, “Temporalidades e Ficcionalidades”, a temática dos deslocamentos entre passado e futuro é o eixo entre os capítulos. Na terceira, “Outras razões”, experiências ambientadas em questões e práticas de cuidado relacionadas à saúde mental abordam isolamentos e outros estigmas.É possível vislumbrar subjetividades e ambientes moldados pelas formas outras da razão, através dos olhos dos pacientes e das/os profissionais, que são, de certa forma, aqueles a quem cabe acompanhar, apoiar, tratar, conter, e suportar o sofrimento mental.A quarta sessão, “Emergência” traz para o corpo literário do livro uma narrativa sobre a Pandemia.
“Como pode a literatura e a política servirem de inspiração mútua nos dias de hoje? O que o tensionamento entre ficção e realidade pode nos fazer apreender sobre as políticas públicas de saúde?”
Mês e ano de publicação: setembro de 2021
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