O “dispositivo estruturante para o educador de bebês: intervenção em tempo na educação infantil” (DEEB), é fruto de uma pesquisa-intervenção realizada no município de Porto Alegre (RS), junto à rede de ensino de educação infantil. O DEEB é o “produto tecnológico” extraído da pesquisa e que se dirige aos educadores infantis, na expectativa de evitar diagnósticos precoces e os encaminhamentos psiquiátricos ou neurológicos, antes a educação precoce e os planejamentos educacionais individualizados. O “dispositivo” dá ênfase à participação do educador e dos colegas bebês na estruturação psíquica infantil, mesmo quando há suspeita de transtorno no desenvolvimento. O DEEB contribui para pensar quem é o bebê, sua potencialidade, seu estilo, sua forma de brincar e de interagir com seus colegas-bebês, apontando as possibilidades de intervenções estruturantes sem atribuir diagnósticos ou formas comportamentais de intervir com os pequenos. O dispositivo mostra aberturas e leituras possíveis em intervenções em tempo próprias do campo educativo da escola de educação infantil. Oferece pistas para a construção individual e coletiva da ação educativa. A valorização da escola infantil como espaço apropriado e não clínico para os bebês que estão em recusa de contato e interação ou com entraves em seu desenvolvimento qualifica o reconhecimento do direito dos bebês à educação infantil e da admissão da diversidade na escola.
A importância está em pensar um bebê no singular, sem invadir seu espaço, pois os semelhantes e os educadores podem “socorrê-lo” ou simplesmente acompanhá-lo de forma “proximal”. O cotidiano, a linguagem e o brincar podem ser estruturantes de seu psiquismo, enquanto os educadores e os pares do bebê podem se desdobrar no agir educativo-escolar como “duplos potencializadores”, abrindo caminhos potentes de interação e novas aprendizagens. O objetivo do DEEB é ajudar o educador a fazer leituras singulares da constituição psíquica e desenvolver interações com e entre bebês. Não se trata de um checklist, tampouco algo evolutivo, mas de compreender operações do crescimento e desenvolvimento da criança que possam estar em desencontro com seus pares ou educadores e estruturar intervenções embasadas no brincar estruturante, na comunicação entre pares e na composição de cenas intersubjetivas quando uma dada operação se encontra fraturada ou em suspensão. O “dispositivo” pode ser uma alavanca no processo de singularização e pode servir à formação em ato dos educadores, conforme os estilos de bebês e educadores, quando detectadas situações de sofrimento psíquico ou recusas de interação dos bebês de berçário. A escola infantil representa um intervir em tempo no desenvolvimento global e na constituição psíquica de um bebê.

Mês e ano de publicação: julho de 2025